Inclusão

19-08-2010 15:31

 

         Direito legítimo das pessoas portadoras de alguma característica diferente do que se convencionou ser a maioria da população, a inclusão traz dentro de si uma infinidade de particularidades que se não atendidas, colocam por terra todo um trabalho universal sobre o entendimento das convivências entre as pessoas que compartilham seu viver.

         Pontuando mais pormenorizadamente, esta convivência me acomete a vários subtemas importantes quando reflito a este respeito. Diversidade – Entre outros conceitos inclui deficiência e dificuldades várias, em crianças e adultos.

         Primeiramente será necessário esclarecer que; - deficiência é uma dificuldade que atinge a pessoa que a porta, de forma genérica e em vários setores de sua vida. - Os transtornos ou dificuldades de aprendizagens são pontuais e agem em um momento específico da vida. Exemplificando melhor: A deficiência física atua de forma generalizada, impedindo que, em todas as atividades da vida o portador fique limitado pela falta dos seus movimentos.  Já numa dificuldade de aprendizagem em leitura, a dislexia, é a atividade que envolve esses códigos que sofre prejuízo. Outros setores como cálculos, por exemplo, não são afetados. 

         Dentro das escolas um grande desafio se coloca, pois, para         os professores de classe, cabem constantes ajustes de estratégias e currículos, tantos quantos forem às crianças que necessitem deles. O processo exige constante atualização, além de um olhar exclusivo a cada aluno individualmente. Sem um acompanhamento de outros profissionais acredito seja difícil ao professor, visualizar o todo e as partes do desenvolvimento do aluno, seus avanços de forma geral e o quanto e como é necessário intervir, uma vez que há um grupo classe de 25, 30, 37 alunos e em algumas escolas até mais.

         Então cabe às escolas administrar esse suporte, seja com; tradutores Libras, para tender ao portador de surdez; tecnologias múltiplas para os múltiplos deficientes; adaptações físicas e prediais aos paraplégicos; profissionais de aprendizagem e neurologistas aos que tem dificuldades de aprendizagem, transtornos, super dotação ou ainda deficiência intelectual. 

         O Ministério de Educação e Cultura dá o pontapé inicial disponibilizando às escolas, sejam públicas ou privadas, instrumentos e tecnologia para a organização pelas escolas, de um espaço para implantação das chamadas Salas Multifuncionais. Equipadas de computadores, programas pedagógicos multimídia apropriados ao ensino, Tvs, máquinas Braile, Lep Tops para alunos com falhas de comunicação permanentes como a Paralisia Cerebral, etc. Informação através do setor de capacitação ao professor, publicações específicas, indicação bibliográfica, indicação de filmes e tudo que seja necessário ao conforto e ao atendimento da Necessidade Especial apontada como agente que dificulta ou impede a aprendizagem. Cabe a cada escola solicitar a implantação ao MEC, providenciar suas instalações e a tecnologia virá, a exemplo do que tenho conhecimento nas escolas públicas de uma cidade da Baixada Santista.

         Agora só nos falta o pessoal! Os profissionais que atuarão nestas salas, e ainda os profissionais periféricos que organizam as aprendizagens no sujeito.

         A profissão de psicopedagogo está em votação no senado, porém a função do profissional, vem mostrando à sociedade o seu importante papel. Diversas Prefeituras no estado de São Paulo abrem espaço em seus concursos para a função, mensurando-nos uma necessidade social. Quando dá orientações e encaminhamentos para as famílias (pais e cuidadores), faz os encaminhamentos necessários a outros profissionais, necessários na área da saúde, cuida do aprendente numa visão individual e holística trançando o viver e o conviver deste sujeito com seus pares.

         As escolas precisam organizar seus quadros de pessoal investindo neste profissional que atuando na instituição tem seu papel definido e restrito a se ocupar destes temas. Capacitar, informar, buscar recursos necessários para cuidar do ambiente escolar, do aprendente e de suas pendências de aprendizagem. Essas, até podem ser causados por agentes externos ao sujeito, a violência, por exemplo. Em casa ou na escola (bulling), faz parte de uma preocupação legítima e única, que cabe á um único profissional cuidar.

         No setor público nem há o que dizer, em nossa região não há concursos para psicopedagogo institucional, àquele que atua nas escolas. Tão pouco na área da saúde, os Psicopedagogos Clínicos que atuam em consultórios, individualmente ou em grupo, avaliando mais criteriosamente e estabelecendo encontros de suporte e correção às crianças. Há que esclarecer que uma área não elimina a outra.

         Para alcançar o desafio da inclusão cabe fazer um esforço em inúmeras áreas, a começar da educação, porém se em um campo se avança, em outro ainda há a espera de soluções localizadas, sem o envolvimento de todas as partes da sociedade. Este esforço deve ser de todos, indistintamente. Das famílias a cobrar seus direitos, do poder públicos a viabilizar recursos e profissionais, e de todos os demais setores envolvidos a assumirem seu papel.

 

Profª Valnete Oliveira Soares

Pedagoga - psicopedagoga