Inclusão Laboral

07-02-2011 10:38


                        Atuando na área de deficientes da audiocomunicação desde 1986, em sala de aula, com diferentes deficiências no Condefi de Santos, tenho visto grandes avanços de relacionamento entre deficientes e não deficientes. A Inclusão trouxe uma necessidade de diferentes adaptabilidades; quer sejam físicas, de linguagem ou de ordens mais sutis como o cuidado dos envolvidos e as emoções que encontramos pelo meio do caminho.

                        Fico particularmente feliz ao ver alguns alunos com quem trabalhei integrados em seus trabalhos nas mais diversas áreas e funções. Há que se destacarem iniciativas de hospitais da nossa região e outras empresas preocupadas com a capacitação destes profissionais para coloca-los no mercado e possivelmente contratá-los. Neste ponto quero me deter numa reflexão mais profunda:

  A preocupação com as cotas é um avanço, já verificamos necessidades de ajustes sociais que a própria convivência vai clareando, porém, não é o bastante para a inclusão pura e simples. Há nuances nos relacionamentos que requerem cuidados e atenção constante, para não dificultar o processo como um todo. Vou usar um exemplo que surgiu numa conversa informal sobre o assunto, para ilustrar melhor a que me refiro. Numa grande empresa de uma capital neste país há uma pessoa que utiliza cadeiras de rodas (não tenho maiores detalhes) que exerce sua função num dos andares altos do prédio onde trabalha. Num momento de treinamento de segurança, onde havia a simulação de um incêndio e todos precisavam evacuar o prédio, houve uma recusa do cadeirante em participar da atividade. A pessoa se recusava a ser carregada no colo, e diante disso ele ficou sem participação efetiva na atividade que, a meu ver, comprometeu o objetivo maior da segurança.

Compreendo que exista uma insegurança em expor o equipamento de locomoção por parte do cadeirante e isso é legítimo, pois é um equipamento caro e funciona como parte do corpo dele. Por outro lado sem o treinamento, num momento de necessidade real, o que fazer se não esta prevista essa situação? A inclusão deve estar no planejamento de cada ação e temos que concordar, muitas situações inusitadas nos pegam de surpresa pela simples falta de convivência com as questões particulares de cada deficiência. Aqui foi uma cadeira de rodas, em outro momento pode ser a maneira de pensar ou entender de um deficiente intelectual, comunicação de um surdo, e por aí vai.

O que quero destacar é a importância do olhar profissional que compreende as dificuldades do ponto de vista de quem as vive, com uma dose maior de compaixão que envolve a situação e busca a solução mais simples e que contempla a necessidade de todos. Em alguns exemplos como o descrito acima só é preciso confiança, conhecimento específicos, sobre matérias e funcionamentos diversos de elementos que não estamos acostumados a lidar, não fazem parte do nosso dia a dia. Como tudo em nossas vidas o segredo é manutenção, aqui mais do que nunca observar as relações e intervir nas partes envolvidas não permitindo que se perpetuem ideias sobre deficiência e deficientes que trazem em si preconceitos e “verdades” equivocadas que só fazem distorcer a realidade e distanciar a verdadeira inclusão que desejamos.

Empregador pense nisso!

Ainda temos muito a caminhar! Já começamos, cabe continuar buscando a melhor trilha...

Até breve.