Adultos de hoje e de amanhã

10-11-2010 17:38

 Adultos de hoje e de amanhã.

Quero dirigir-me a você, adulto de hoje para que reflitamos por alguns instantes sobre os adultos que estamos criando para a sociedade do amanhã. Certamente já lhe ocorreu pensar como está sendo difícil cumprir esta tarefa de educar ou organizar o adulto do futuro ao nosso presente. Sim, este mesmo que hoje é criança e que está frequentemente à sua frente e que se transformará na sociedade que iremos conhecer! Içami Tiba destaca em um de seus livros que “Ninguém valoriza o SIM se desconhece o NÃO”.

Neste tempo cultivamos as emoções que permeiam a vida de nossas crianças, que por consequência precisam mais que conhecê-las, precisam vivenciá-las, para poder conviver bem com elas quando adultos. Essa tarefa é árdua e tem trazido grandes questões internas aos que educam e futuramente aos que são educados. Para os primeiros envolve culpa, medo de ser rígido, de ser chato, intolerante, desagradável e castrador aos segundos passa pelo limite de liberdade, frustrações e por aí vai...

Em nossa vida cotidiana cada vez mais passamos por cima de pequenos deslizes na esteira do prazer de estar junto, do conviver da maneira mais simples, sem complicações e discussões, enfim, sem aquilo que nos parece ser excessivo. Então concordamos logo com nossos pequenos no limiar do drama interno da auto conversa justificando ações para não perder tempo com este ou aquele comportamento manipulador ou pior, não nos damos conta disso.

Então vejamos; - considere que para a sua criança você é o primeiro educador, o primeiro professor, haverá outros certamente, mas quem ensinou os primeiros conceitos e valores foi você! Sua relação com ela será modelo com todos os demais educadores de com quem ela estiver. - A aprendizagem dela dependerá disso também. Em seu entendimento é importante permitir à sua criança o máximo de experiências possíveis ao longo de seu caminho de vida, está certo, mas é aí que reside a importância de não esquecer as emoções! Digo de todas as emoções, as positivas e as negativas, incluídas aquelas conseguidas com a manipulação de fatos para conseguir uma conquista perdida, caras e bocas, etc. – Limites, até onde posso chegar...

Nestes dois pontos quero refletir agora com você; algumas de nossas crianças não raras vezes têm dificuldades em reconhecer as linhas que delimitam o permitido e o proibido, pois não vivenciam claramente estes conceitos. Frequentemente nos fazem titubear, duvidar de nossa conduta, principalmente quando lhes é negado algo. Rapidamente aparecem novas versões para os fatos, e as expressões desabam de desapontamento... Na verdade com mil artifícios nos trazem nossas culpas (pelo pouco tempo de contato, pela qualidade suplantando a quantidade, pela vida apressada, etc.), incertezas (será que é por aí?), o passado (foi assim comigo, farei diferente agora), enfim a vontade de não podar, de dar escolha etc.

Com isso os privamos de experimentar a frustração e sem saber criamos o inferno do adulto com baixa tolerância ao NÃO, à frustração de não ter seu desejo atendido. A falta de limite torna tudo possível e destrói o parâmetro que norteia a escolha correta ou adequada ao momento vivido. Sem parâmetro a conduta de reprogramação de meta vai por “água a baixo” e favorece a um ego enorme!

Já imaginou esse adolescente? Desconhecerá provavelmente o outro, certamente. Frustração pelo desejo negado aos cinco (5) anos é bem diferente que aos dezessete (17), vinte (20) anos e pior ainda aos trinta (30). As páginas policiais dos noticiários estão repletas destes cidadãos. Tomam o que querem a qualquer custo, caras e bocas já não chegam para convencer então passam cada vez mais a manipular fatos a seu favor, passando por tudo e todos.

Uma criança sem limites é o adulto descompensado emocionalmente, que se recusa a ser ultrapassado no trânsito, a ser dispensado num relacionamento, aceitar direcionamento de quem quer que seja. Tem medo de suas emoções, não vivenciou a negativa.

Vamos combinar, fique atento para sua criança e seu relacionamento na escola com amigos e professores. Repare como vai indo seu aprendizado, refaça seu caminho com ela constantemente, ela entende o que precisa mais que você. Se precisar peça ajuda a profissionais, verá que vale a pena.

O ganho será grande para ambos e do amanhã então nem se fala! A sociedade ficará mais fácil de ser vivida, com egos de tamanho normal, a convivência se simplifica e a cortesia é o amalgama das relações porque pensar no outro é o caminho mais comum.

Pense nisso...

 Bibliografia

Emoção, afeto e amor: Ingredientes do processo educavativo, Monte-Serrat,  – SP – Editora Academia de Inteligência, 2007.

Quem ama educa, Içami Tiba,  – SP – Editora Gente, 2002.

Pedagogia Afetiva, Maria Augusta S. Rossine – RJ – Editora Vozes, 2007.

Até a próxima!